Como é que posso tornar-me frade? Quais são as etapas?
1) O tempo das perguntasQuantas perguntas nascem no coração quando nos colocamos em atitude de escuta! Quando nos perguntamos, como o jovem Francisco: «Senhor, que queres de mim? O que queres que eu faça? Qual é o teu desígnio sobre mim?». Se queres conhecer o caminho a realizar para ser frade franciscano, eis as etapas mais importantes.
2) Os primeiros passos: colocar-se em escuta
O «segredo» que dá início a toda “a história vocacional” pode talvez ser brevemente descrito como um "encontro vivo", um encontrar-se "cara a cara" com o Senhor, reconhecido como bom e confiável, cheio de atenção e de benevolência. É a experiência da amizade profunda, vivida por S. Francisco, com a qual Deus sabe atrair aos seus desígnios os seus filhos e ainda dirigir um convite: «Segue-me».
O «Grupo São Damião»
Quando um jovem percebe este chamamento misterioso do Senhor e um fascínio todo particular para com a «forma de vida» traçada por S. Francisco, pode pedir para iniciar um caminho de discernimento com o «Grupo São Damião» que reúne outros jovens em caminho vocacional: um percurso que dura cerca de um ano, com encontros mensais (um fim de semana por mês) guiados por alguns frades.
Terá de tal modo a possibilidade de ser acompanhado na direção espiritual, de viver momentos de oração e relação, com espaços de calma e de silêncio, e muitas ocasiões de fraternidade e de serviço. Durante este tempo tem também a possibilidade de passar períodos prolongados em algumas das nossas comunidades e conhecer assim mais de perto a vida franciscana. O grupo vocacional é portanto o primeiro passo do caminho formativo para quem deseja ser acolhido na Ordem; permite conhecer mais de perto a vida franciscana. Com o Grupo São Damião, começa-se um longo caminho por etapas que continuará sucessivamente com o Postulantado, o Noviciado, Pós noviciado, para conhecer ainda mais de perto o carisma e a espiritualidade da nossa Ordem Franciscana, um percurso para discernir e aprofundar o chamamento do Senhor, um itinerário para ir com S. Francisco ao encontro Daquele que vem e quer falar ao nossos coração.
3) A formação nos seminários franciscanos
O «postulantado»A entrada «oficial» no convento dá-se com o ingresso no postulantado. Junto de uma comunidade de frades vive o grupo dos postulantes: trata-se daqueles jovens que, concluído o “Grupo São Damião”, foram admitidos a continuar o caminho franciscano, e desejam levar uma vida o mais possível próxima dos próprios frades. É um período de dois anos em que se podem saborear de maneira significativa e bela, alguns dos valores fundamentais da vida franciscana: a escuta do Senhor, sobretudo na oração comunitária e pessoal; a fraternidade e a alegria; o serviço na dedicação de si ao outro, a simplicidade de vida.
O postulantado ao qual nós, Delegação de Portugal, fazemos referência, encontra-se na cidade de Brescia, Itália, no Convento São Francisco. A finalidade do postulantado é, para o candidato, o discernimento sobre a própria vocação e sobre a escolha que está para fazer; para os formadores, uma primeira avaliação acerca da previsão de inserção do próprio candidato na vida franciscana.
O «noviciado»
Trata-se de um ano verdadeiramente especial, vivido na Basílica de São Francisco em Assis, onde se privilegiam sobretudo dois aspetos. Em primeiro lugar a vida de oração: além da Liturgia das Horas, muito tempo é passado em contacto com a Palavra de Deus, na adoração eucarística, na meditação pessoal. A outra dimensão que encontra neste ano uma acentuação notável diz respeito ao discernimento pessoal, ou seja, o empenho de um confronto frequente com o frade mestre que acompanha os jovens neste caminho.
Durante o noviciado, também se abordam temáticas relativas a aspetos fundamentais da vida consagrada, aprofundam-se o evento biográfico e espiritual de S. Francisco e a de outras figuras importantes da nossa Ordem franciscana, como Santo António de Lisboa, S. Maximiliano Kolbe, Santa Clara de Assis. O noviciado tem como meta a “Profissão simples”, quando o jovem veste o hábito franciscano e pronuncia (agora só por três anos) os votos de pobreza, castidade e obediência. A este ponto o jovem frade é chamado a continuar ulteriormente a sua procura e a sua formação, em vista de uma promessa e de uma adesão definitiva à vida franciscana com a “Profissão solene”.
O «pós-noviciado»
Começa portanto para os jovens frades o período formativo e de estudo (teologia) mais longo que conduzirá em primeiro lugar à "PROFISSÃO SOLENE". Trata-se da promessa de viver, para toda a vida, em Pobreza e Castidade e Obediência, para ser inteiramente do Senhor e “para sempre”, membros da família franciscana.
Contemporaneamente, para os jovens também com tal chamamento, continua um discernimento mais intenso e sério para poder receber as ORDENS SACRAS e portanto ser SACERDOTES de Cristo. É um tempo de pelo menos quatro/cinco anos, passados num convento-seminário: para o Norte de Itália, ao qual a Delegação de Portugal faz referência, é o Convento Santo António Doutor, não muito distante da Basílica de Santo António.
Outras casas formativas para os jovens frades professos temporâneos são em Assis e Roma. Neste período a quotidianidade normal, a simplicidade de vida, as fadigas humildes e discretas tornam-se o «banco de prova» para verificar se a vida franciscana é de verdade aquilo a que o Senhor chama.
Quais são os âmbitos em que o jovem frade se pode experimentar? São os da fidelidade e do amor à oração; a fraternidade vivida com alegria e simplicidade; a seriedade no próprio acompanhamento espiritual; o estudo da teologia feito com empenho; o envolvimento nos diversos tipos de serviço de carácter pastoral e socio-caritativo ou missionário; um estilo de vida simples e modesto; a alegria como atitude confiante de abandono nas mãos da Providência.
Alguns critérios para a idoneidade do candidato
Já desde o início do itinerário vocacional (grupo São Damião), como nas sucessivas fases formativas indicadas, podem manifestar-se tendências ou comportamentos que põem sérias dúvidas acerca da idoneidade do candidato. Em particular, a "não idoneidade" apresenta-se, quando:
a) É evidente a propensão para uma outra forma de vida religiosa (por exemplo, monástica ou diocesana).
b) É evidente a inclinação para outra vocação (matrimonial).
c) É evidente a incapacidade de normais relações sociais e distúrbios da personalidade.
d) É evidente uma incapacidade e uma negligência para a vida espiritual.
e) É evidente a incapacidade de viver a vida religiosa em castidade.
f) É evidente a incapacidade de viver a dimensão da fraternidade, num estilo de partilha, pobreza, simplicidade de vida e afabilidade.
4) A Profissão solene e a Ordenação sacerdotal
Eis-nos assim no final destes primeiros anos de vida franciscana! Com a Profissão Solene o jovem entra a fazer parte definitivamente da nossa família dos Frades Menores Conventuais, para continuar, com a graça do Senhor, a ser alegre testemunha do Evangelho! Para muitos frades (que receberam também tal chamamento) o caminho ainda continua com uma outra meta importante: a Ordenação sacerdotal.
5) A inserção nas Comunidades Franciscanas
A este ponto, o jovem frade recebe a primeira "obediência" e é enviado para uma das nossas comunidades, operativas em múltiplos e diversos sectores: pastoral, paroquial, mas também caritativo, santuarial, missionário, cultural, social.
Há portanto espaço para todos; para todas as sensibilidades, atitudes, disponibilidade, cultura e formação!
E aqui... começa, com a ajuda de Deus e dos irmãos, um outro apaixonante e desafiante caminho.
CONTACTOS
Caro amigo à procura, parece-me importante sublinhar uma coisa: o itinerário acima indicado é específico da Provincia religiosa do Norte de Itália, mas os passos formativos descritos são aqueles comuns.
Se desejas indicações para um caminho vocacional e contactos com alguns frades, escreve sem reservas, ficaremos felizes por te sugerir alguém que te possa ajudar.
Para mais indicações, para uma possibilidade de diálogo, ou de acolhimento, podes contactar:
fr. Fabrizio Bordin - Lisboatel. 21. 837 69 69 ou freifabri@gmail.com
fr. José Carlos Matias - Coimbra
tel. 239. 71 39 38 ou freizecarlos@gmail.com
frei Pedro Perdigão - Viseu
232.431985 ou fmcpedro@gmail.com
Tau Day em Alcanena
No passado dia 15 de Novembro de 2015, cerca de 150 jovens encontraram-se em Alcanena (Santarém) para viver mais um Tau Day. Fomos recebidos de braços abertos pelo padre Carlos Casqueiro, pároco de Alcanena e a pela comunidade, principalmente pelo Samuel, que é um jovem de Alcanena. A eles vai o nosso obrigado por este dia maravilhoso.
O Tau Day consiste num encontro de todos os “jovens franciscanos”, a nível nacional. São jovens que estão ligados às nossas comunidades Franciscanas. É a primeira iniciativa do ano Pastoral da nossa Pastoral Juvenil Vocacional. Realiza-se todos os anos nos fins de Outubro ou início de Novembro e vai percorrendo cidades diferentes. Nos últimos anos já se realizou na Batalha, em Tomar, em Santarém, em Leiria, … este ano foi em Alcanena e o próximo ano será em Coimbra.
Este ano participaram cerca de 150 jovens, com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos. As principais proveniências deles eram: Tarouca, Vila Cova à Coelheira (as duas da diocese de Lamego), Viseu, Coimbra, Tomar, Batalha, Lisboa e Alcanena. Estavam presentes também 3 frades: o frei Fabrizio, o frei Pedro e o frei Zé Carlos.
O tema do encontro foi: Tu és Misericórdia. À descoberta da Misericórdia de Deus com o Jovem Francisco de Assis.
O encontro iniciou às 9h30 com a chegada dos vários grupos. Durante o dia houve espaços de convívio, oração, reflecções sobre o tema, um testemunho do padre Tony Neves, provincial dos Espiritanos. Os jovens tiveram também um peddy-paper que lhes proporcionou conhecerem melhor Alcanena e a sua história duma forma divertida. Às 17h00 Celebramos a Eucaristia seguida dos últimos avisos e por volta das 19h00 todos regressaram às suas casas.
Este encontro desafiou os jovens a contemplarem Cristo, “Rosto da Misericórdia de Deus” e a deixarem-se desafiar e transformar pela oração, para serem também eles “rostos de Misericórdia”.
Foi um dia espetacular. Mas queria deixar a palavra ao testemunho de alguns jovens.
«Depois do Meeting em Assis, todos os participantes esperávamos por este Tau Day. As saudades das pessoas com quem partilhámos duas semanas em Itália eram muitas e voltar a encontrá-las foi muito bom.
Este dia ficou marcado por reencontros, abraços, pela boa disposição da malta de Tarouca, por momentos de partilha e entrega. (…) Para mim o momento alto de todo este dia, para além dos reencontros, foi a Eucaristia celebrada na belíssima igreja de Alcanena. No fim de um dia em cheio, todos nós parámos e refletimos sobre aquilo que nos tinha trazido até ali.
Para o ano, em Coimbra, voltamos a encontrar-nos para mais um inesquecível Tau Day». Margarida
«Foi o terceiro ano que participei neste evento, tenho adorado e este ano não foi exceção, pois revi pessoas que já não via desde o Meeting em Assis e para além disso foi um dia extraordinário e diferente de todos os outros». Carina
«Depois de participar já em quatro Tau Day's vou sempre na expectativa de encontrar algo novo. (…) O testemunho do padre Tony foi muito interessante, um homem com uma história de vida impressionante. (…)
Este Tau Day, trouxe também pessoas que já conhecia de outras actividades e com quem mantenho relações de amizade fortes». Sara
«Neste encontro apercebi-me do poder do amor de Deus; aquilo que nos move, verdadeiramente é a Fé! Foi muito bom encontrar outros jovens que não têm medo de assumir que são cristãos e Aquele em que acreditam. É bom sentir que não estamos sozinhos, e que há outros jovens que acreditam como eu». Rita
«Para mim foi um dia especial que me encheu o coração. (…)
Soube a pouco, mas não tenho dúvidas que passar por esta experiência foi fundamental também para o crescimento dos jovens. Para além disso foi fantástico reencontrar tanta gente com quem partilhei dias maravilhosos no último Verão. Ainda me sinto de “ressaca” desses dias e o Tau Day permitiu atenuar um bocadinho as saudades desses momentos.
Obrigado a todos por este dia! Mas não podia deixar de deixar um agradecimento ao Samuel que claramente foi o grande responsável por tudo o que vivemos neste dia». Patrick
Uma experiência muito marcante
No passado dia 30 de Julho, um grupo de setenta jovens franciscanos, vindos de Coimbra, Lisboa, Batalha, Santarém e Tarouca, acompanhado Frei Fabrizio Bordin e pelo Frei José Carlos Matias, partiu rumo ao sétimo encontro internacional de jovens franciscanos em Assis: “Giovani Verso Assisi International Meeting”.
O tema deste encontro, que ocorreu principalmente em Assis, foi “A Esperança é jovem – Transformada pela alegria do Evangelho”. Aqui os jovens tiveram a oportunidade de conhecer melhor a vida de São Francisco, de visitar os locais onde este viveu e de aprofundar a sua fé através de momentos de reflexão e de partilha com os outros jovens de vários países europeus e americanos.
Um dos momentos mais marcantes ocorreu quando os jovens se deslocaram a Roma e participaram numa audiência com o Papa Francisco. Esta experiência foi muito enriquecedora para todos e em especial para uma das jovens do grupo de Coimbra, Ana Aveiro, que foi selecionada para falar com o Papa e lhe oferecer um símbolo em nome do grupo.
Quando o encontro acabou, o grupo teve ainda a oportunidade de visitar Camposampiero, Veneza, Pádua, Barcelona e Lourdes, acrescentando a esta aventura espiritual um toque cultural.
A experiência foi extraordinária, permitiu um crescimento pessoal aliado a uma vivência profunda da fé e a comunhão com a natureza, num estilo de vida franciscano. Não teria certamente sido possível realizar este maravilhoso desafio sem o apoio incondicional das comunidades paroquiais, dos freis, dos animadores, das famílias e das paróquias franciscanas de Barcelona e Camposampiero. Por isso, os jovens agradecem profundamente a ajuda prestada e prometem dar testemunho da grandiosidade desta vivência. Muito obrigado a todos!
(Maria João Cavaco, Coimbra)
Alguns testemunhos
Da Batalha foram 7 elementos com a animadora, estes fazem parte de uma comunidade onde os Freis não estão presentes, mas mesmo assim procuram viver os seus encontros com o espírito Franciscano.
A ida ao Meeting para alguns elementos era um sonho a realizar, pois deixaram de ir à viagem de finalistas para estarem presentes neste encontro em Assis.
Durante alguns meses todos os elementos trabalharam para angariar algum dinheiro a fim de poderem pagar o valor necessários.
Como preparação para este encontro, procurámos refletir sobre as várias expetativas que cada jovem tinha para este Meeting:
Telma: Enriquecer a minha Fé.
Pedro: Descobrir mais Jesus dentro de mim.
Rita: Reviver a experiência de Vida de São Francisco.
Catarina: Conhecer coisas novas, refletir sobre o meu futuro.
Ana Calhau: Conhecer os horizontes, pensar na Vida e conhecer mais Deus.
Bruno: Motivação devido ao testemunho, amplificado por outros elementos que já viveram esta experiência anteriormente.
Como resultado final deste Meeting, partilhamos o testemunho de outros jovens:
“ A minha ida a Assis, foi uma experiência espetacular, que me fez crescer como pessoa e me fez conhecer pessoas fantásticas, tanto portugueses como também de outras nações. Foi sem dúvida uma experiência que alimentou e enriqueceu a minha Fé.
Com este Meeting tive a maravilhosa oportunidade de conhecer os locais onde, São Francisco e Santa Clara nasceram, cresceram e encontraram a sua missão de vida. É realmente uma experiência única. (Catarina Valverde)”.
“Ao longo destes dias realizaram-se diversas dinâmicas que nos permitiram experienciar o verdadeiro espirito franciscano, através de vigílias e eucaristias diárias, serviços de evangelização de rua e aos pobres bem como diversos workshops centrados no lema do meeting. O convívio e animação entre os jovens esteve sempre presente e exemplo disso eram as horas das refeições, onde sempre reinavam a alegria e boa disposição. O ponto auge desta semana foi o encontro com o Papa Francisco que se realizou numa sala junto à Basílica de São Pedro em Roma. (Rita Correia).
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Postulante: O primeiro «Sim»!
Caros amigos em "procura vocacional", muitos de vós escrevem perguntando quais são os passos a dar para ser frade. Em particular muitos perguntam-me pelo POSTULANTADO e quem são os POSTULANTES (aves raras...?! animais em via de extinção? ...ou outra coisa) e em que consiste este período tão particular.
Pedi ao Matteo, o penúltimo à direita da fila de joelhos e um dos mais novos, que nos falasse desta experiência.
Matteo, como é habitual, descreve a experiência em tom um pouco artístico, mas eficaz.
Agradecendo-lhe, convido-vos a rezar por este grupo de rapazes certamente alternativo e corajoso! Vistos os tempos… não é certamente uma moda pensar em ser frade e dedicar toda a própria vida ao Senhor e ao próximo, mas...alguém “fora de si” parece que ainda exista.
Abençoo-vos e encorajo-vos.
Ao Senhor Jesus sempre o nosso Louvor!
Quem é um Postulante?
Um postulante é aquele que “postula”, portanto que faz uma pergunta, que se interroga se Deus o chama de verdade a segui-lo mais de perto sob os passos de São Francisco. O Postulante portanto está numa situação ainda de verificação, de experimentação da vida franciscana.
É um jovem que por um lado, já escolheu realizar na própria pele concretamente o convite do Senhor aos primeiros discípulos: "Vem e vê" e portanto já deu à sua vida "um safanão” entrando no Postulantado e fazendo este pequeno, grande passo, … mas também, ainda pedir para ver e ver e perscrutar e compreender melhor esta vida franciscana que tanto o atraiu.
Onde mora o Postulante?
Um postulante mora … obviamente num "Postulantado", isto é, num contexto formativo "ad hoc", inserido num convento de frades "verdadeiros e reais" e em comunhão com eles. Isto no que diz respeito ao Norte de Itália corresponde ao convento dos Franciscanos de Brescia e à antiga e belíssima igreja dedicada a São Francisco, muito querida dos habitantes da cidade (sobretudo para as confissões). Outras casas de Postulantado encontram-se nos conventos de Osimo para o Centro e em Benevento para o Sul.
O que é que faz umPostulante?
Um postulante portanto, interroga-se e ganha raízes na vida franciscana (e não poderia ser de outra maneira!). Significa que experimenta de perto todos aqueles valores que caracterizam um frade: em primeiro lugar "a oração" e o amor privilegiado e particular a Jesus; depois "a fraternidade", vivendo quotidianamente juntamente com outros postulantes e também inserido numa comunidade real de frades; experimenta "a caridade" empenhando-se em múltiplos serviços (em casa … na igreja … no voluntariado, com os pobres...); experimenta "a pobreza" procurando ter apenas o essencial com um estilo de vida sóbrio e simples (crucial por ex. para todos nós jovens a gestão "equilibrada" do telemóvel e do pc. sempre tudo para aprender). Experimenta portanto, em muitos pequenos gestos quotidianos, o que significa, como diz o início da Regra franciscana, "Viver o Evangelho"!
Como é que um Postulante compreende se "ser frade" é a sua vocação?
Um Postulante pode compreendê-lo, antes de mais, vivendo intensamente esta experiência em cada seu aspecto e momento mesmo se pequeno, e realizando assim, um sério e sincero Discernimento, graças aos muitos instrumentos e ajudas que o Postulantado oferece: um frade Reitor do Postulantado (o primeiro responsável do nosso caminho formativo) com o qual falar e pelo qual ser orientado e aconselhado e apoiado, um Padre Espiritual com quem abrir o coração e partilhar e amadurecer o próprio caminho humano e da alma; uma vida de oração intensa que permite dirigir-se diretamente à “Voz” que chamou; dos irmãos (os próprios postulantes e a comunidade dos frades) com quem quotidianamente partilhar alegrias e dores e experimentar o desafio nada fácil, mas emocionante, da fraternidade no nome de Jesus.
Um jovem pode ficar Postulante para sempre?
O Postulantado é a primeira etapa "oficial" do caminho franciscano. De facto, entrando no Postulantado, cada um de nós teve que se expor e tomar uma decisão (embora ainda provisória e toda para verificar). Isto significou para todos deixar alguma coisa ou alguém (afetos … casa … trabalho … estudos). O postulantado é porém, uma etapa, uma passagem, uma experiência a viver e...depois deixar! Dura de facto 2 anos e conclui-se, para quem decide continuar nesta estrada, com a entrada na etapa sucessiva, o Noviciado, que fará tornar o nosso jovem, um Frade Franciscano. Não desejo a ninguém que permaneça postulante durante toda a vida, ou de qualquer modo “estacionado” como muitas vezes acontece a tantos rapazes mesmo "fora" do convento...: tomar uma decisão é fundamental !!!
Como é que alguém se torna Postulante?
Todo aquele que acredita perceber dentro de si uma vocação a seguir mais de perto Jesus, todo aquele que é atraído pela figura de S. Francisco e dos seus frades, pode começar um caminho de discernimento. Como fazer?
Em primeiro lugar é bom começar a conhecer mais de perto os frades e iniciar com algum deles um diálogo e um contacto pessoal.Outra etapa fundamental (pelo menos para mim) foi participar num “grupo vocacional”. No Norte de Itália, mas também noutras regiões, os frades instituíram a experiência do "Grupo São Damião" que reúne os jovens à procura, para encontros específicos, que são de grande ajuda para compreender … para se orientar e para desfazer também muitos medos e temores. Por fim, o grande salto é a decisão de entrar no Postulantado, uma passagem que na realidade se apresenta menos difícil daquilo que se pense, se anteriormente se fez um caminho sério e sincero.
As maiores dificuldades?
Direi que para além dos aspetos concretos e não fáceis que comporta esta decisão (dizê-lo em casa e aos amigos...deixar as coisas e compromissos vários) uma das dificuldades maiores é sempre o FIAR-SE!
Pois é..!!! : FIAR-SE do Senhor e do seu projeto!?! A tentação, mais terrível, que mais cedo ou mais tarde aparece, é o pensamento que por detrás de tudo isto exista na realidade "um embuste" e que o Senhor, de certo modo … nos engane!
A vocação (como sempre nos recorda o nosso Reitor) é principalmente "Questão de FÉ" e nada mais!
Uma tua mensagem aos jovens?
Fiai-vos, fiai-vos, fiai-vos, fiai-vos.
CONTACTOS
Para mais informações podes contactar:
fr. Fabrizio Bordin - Lisboatel. 21. 837 69 69 ou freifabri@gmail.com
fr. José Carlos Matias - Coimbra
tel. 239. 71 39 38 ou freizecarlos@gmail.com
frei Pedro Perdigão - Viseu
232.431985 ou fmcpedro@gmail.com
São Francisco
BILHETE DE IDENTIDADE DE S. FRANCISCO
NOME: Francisco
Francisco nasceu em Assis, de Pedro Di Bernardone (rico comerciante de Assis) e Monna Pica (proveniente da Provença). Quando nasceu o pai estava ausente, encontrava-se em França com os negócios de tecidos: a mãe no batismo deu-lhe logo o nome de João. O nome Francisco, não era comum naquele tempo, foi-lhe imposto pelo pai no seu regresso, em honra da terra francesa.
APELIDO: De Bernardone
Pedro di Bernardone dedicava-se ao comércio de tecidos e Francisco por um certo período, mediante o desejo do pai, começou a profissão de mercante. No ano de 1205, desejoso de se tornar cavaleiro, partiu para combater na Puglia, mas em Espoleto um sonho revira os seus projetos. Regressa a Assis e começa um período de procura do sentido e do valor da sua vida. Alguns episódios são fundamentais para a sua conversão: o encontro e o abraço com o leproso e o crucifixo de S. Damião, do qual ouve o convite: “Francisco vai, e repara a minha casa, que como vês, está toda em ruina”. Desejoso de fazer imediatamente a vontade do Senhor, reparou materialmente algumas igrejas, descobrindo só mais tarde que a sua missão era de reparar a Igreja espiritual. Francisco, sentindo clara a sua vocação, despoja-se de todos os seus haveres para viver o Evangelho em pobreza. Este estilo de vida fez nascer logo entusiasmo na juventude de Assis e formou-se o primeiro grupo dos seus discípulos: Bernardo, Pedro, Egídio, Masseo… em Rivotorto.
NASCEU: 1181-82 em Assis
Francisco nasceu num período muito conturbado, quer para a sociedade civil com as suas lutas internas entre comunas, quer para a igreja, por causa da presença de heresias que ameaçavam a sua ortodoxia. Francisco, homem de paz, levará com o seu exemplo um são renovamento à sociedade do seu tempo e à Igreja. Dante, na Divina Comédia, cantará com efeito admirável a importância do nascimento de Francisco; compara-o ao sol que nasce para iluminar o mundo: “nasceu para o mundo um sol…”.
CIDADANIA: a Criação
Francisco vê a criação como uma casa que Deus ofereceu aos homens e aí contempla a sua sabedoria, poder e bondade. Por isso, chama todas as criaturas, irmão e irmã, porque as sente como dom e meio para chegar a Deus criador. A criação é feita para o homem e em função dele; é necessário portanto fazer dela um bom uso e não abusar dela. No ano de 1939 o papa Pio XII declarou São Francisco patrono de Itália. Em 1979 o papa João Paulo II proclamou-o patrono da ecologia, porque “Honrou a natureza como um dom maravilhoso dado por Deus ao género humano”.
RESIDÊNCIA: Assis e arredores
Francisco em Assis teve os primeiros sinais da sua vocação: o encontro com o leproso, a escuta do crucifixo de São Damião e o primeiro seguimento de pessoas que se sentiam atraídas pelo seu estilo de vida. Em 1208 numa igreja da cidade descobriu esta palavra: “Se queres ser perfeito, vai e vende tudo o que tens e dá-o aos pobres … e desfolhando ainda: Não leveis nada para o caminho, nem bastão, nem alforge, nem pão, nem dinheiro … Escutando esta palavra forte, ficaram inundados de viva alegria … e o bem-aventurado Francisco disse: Ide e ponde em prática o conselho que ouvistes do Senhor”. O desejo de anunciar o evangelho era de tal maneira forte em Francisco que iniciou um apostolado itinerante em várias zonas de Itália; não só, mas dirigiu-se também ao Egipto para pregar ao Sultão, impressionando-o pela sua coragem e a sua simplicidade. Ao mesmo tempo Francisco sentia muito forte o desejo de união com Deus na oração; graças à oração alcança a força para anunciar o evangelho de Jesus. Aos seus frades recomenda que rezem para que: “Ninguém faça progressos no serviço de Deus sem a oração”. Por isso amava residir, por períodos mais ou menos longos, em lugares isolados: Greccio, o Monte Alverne, a ilha de S. Michele, as Celas de Cortona, Monte Casale, Fonte Colombo e noutros lugares.
ESTADO CIVIL: Enamorado
Francisco, enamorado de Cristo, escolhe viver como Ele. A pobreza é para ele separação das coisas do mundo para fixar o olhar sobre os bens celestes. Escolhendo a castidade, Francisco renunciou a ter uma sua família por amor do Senhor Jesus, e encontrou-se a ter que cuidar de uma família muito maior, a dos seus frades e das pessoas que recorriam a ele. Com a castidade renuncia a um amor particular para um amor universal.
A obediência para Francisco é reconhecer Deus como único Senhor, o qual manifesta a sua vontade também por meio dos homens. Francisco chama os superiores Ministros, isso é servos, aqueles que ajudam os irmãos a descobrir a vontade de Deus.
PROFISSÃO: Irmão
No tempo de Francisco quem quisesse iniciar uma forma de vida religiosa devia seguir a regra de Santo Agostinho ou a de S. Bento e eram regras exclusivamente monásticas baseadas em rígidas hierarquias. Francisco, programa a sua vida e a dos seus frades com base na estreita observância da pobreza evangélica, vivendo numa fraternidade em que todos são iguais e irmãos ao serviço dos mais necessitados.
Para obter isto, escreveu uma Regra que lhe foi aprovada pelo Papa Honório III em 1223, como ele mesmo afirma no seu testamento: “E depois que o Senhor me deu irmãos, ninguém me mostrava o que devia fazer; mas o próprio Altíssimo me revelou que devia viver segundo a forma do santo Evangelho. E eu com poucas palavras e simplesmente o fiz escrever, e o senhor Papa mo confirmou”.
CONOTAÇÕES:
Tomás de Celano, discípulo e primeiro biógrafo de Francisco, traça o seu perfil físico: “Era homem facundíssimo, de aspeto jovial, de olhar bom, nunca indolente e nunca altivo. De estatura bastante pequena, magro, cabeça regular e redonda, rosto um pouco oval e estendido, fronte plana e pequena, olhos negros, sobrancelhas direitas, cabelos escuros, barba preta e rara, nariz subtil e direito, orelhas direitas mas pequenas, lábios subtis, mãos magras, têmporas planas …”.
CARACTERÍSTICAS:
A Misericórdia
Precisamente no início do seu caminho de conversão Francisco viveu uma experiência desconcertante, o encontro com o leproso nos arredores de Assis: “baixou do cavalo e correu a beijá-lo…voltou a subir, olhou aqui e ali mas não viu mais o leproso”. Pouco tempo depois o Senhor mesmo o conduziu até eles, foi ao leprosário de Rivotorto e aprendeu a usar com eles misericórdia, lavando e medicando as suas chagas purulentas".
A Alegria
Um dos sinais mais evidentes da vida de Francisco é a felicidade, isto é a alegria. Ele tem sempre diante de si as palavras do Senhor: “quem crê em mim terá a vida eterna”. Esta garantia de vida eterna é para Francisco fonte de grande serenidade espiritual mesmo nas provações e nos sofrimentos mais duros da vida. Precisamente por este modo de viver o Evangelho em alegria, muitos que se aproximaram e ainda hoje aproximam a Francisco são fascinados por ele. Um dia frei Masseo, um dos primeiros companheiros, vendo quanta fama rodeava Francisco, cheio de admiração, perguntou-lhe: “Porquê a ti, porquê é que todo o mundo corre atrás de ti?”.
A Humildade
Uma característica típica da espiritualidade de Francisco é a devoção à Humanidade de Cristo e à Eucaristia. Ele vê em Deus, que se torna homem, o máximo da humilhação por amor para com os homens. O seu primeiro biógrafo escreve: “Sobretudo a humildade da Incarnação e da Paixão tinha impressas tão profundamente na sua memória que dificilmente conseguia pensar noutra coisa”.
É muito devoto da Eucaristia porque: “Do altíssimo Filho de Deus nada mais vejo corporalmente neste mundo se não o seu Santíssimo corpo e sangue”.
Para Francisco o Natal é a festa das festas, por isso: “Rodeava de amor indizível Maria, a Mãe de Jesus, porque tinha tornado nosso irmãos o Senhor da majestade e constituiu-a advogada da Ordem, colocando sob as suas asas os seus filhos”.
Para dar glória a este evento, na noite de Natal de 1223 em Greccio, no vale de Rieti, preparou o primeiro Presépio vivente.
A Fraternidade
Francisco deu à Igreja três Ordens religiosas. A primeira Ordem é o ramo masculino e é formada pelos Frades Franciscanos. Em 1212 S. Clara, sob inspiração de Francisco, funda a segunda Ordem franciscana, isto é o ramo feminino: as Clarissas. Francisco em 1221 faz aprovar pelo Papa a regra da Ordem Terceira, formada por leigos que, embora vivendo no matrimónio e em família, testemunham na sociedade o ideal franciscano.
O Amor
Na amanhã de 14 de Setembro de 1224 o céu abre-se e Cristo crucificado, na aparência de um serafim, desce sobre o monte Alverne e imprime a Francisco os Estigmas que ele levará no seu corpo até ao encontro com a irmã morte, acontecida na tarde de 3 de Outubro de 1226 em Santa Maria dos Anjos. Francisco é o primeiro cristão na história da Igreja, a receber o dom dos Estigmas, isto é, os sinais da Crucifixão de Jesus: as chagas das mãos, dos pés e do peito. Assim Francisco, tornou-se semelhante a Jesus, pela sua vida evangélica e pelos Estigmas é chamado “Alter Christus”.
O Papa Gregório IX, no dia 16 de Julho de 1228 apenas a dois anos da morte, proclama-o Santo.
Para contactos ou informações sobre a nossa vida de frades franciscanos escreve para:
Frei José Carlos
Mail: (freizecarlos@gmail.com)
Como está o teu coração?
O exame de consciência
Caros amigos em caminho,
o Senhor vos dê a paz!
O tempo de Quaresma é um contínuo estímulo para olharmos dentro de nós próprios, porque «de facto, é de dentro, isto é, do coração dos homens, que saem os propósitos de mal… Todas estas coisas más vêm para fora, a partir do interior e tornam o homem impuro» (Mc 7,21-23). Isto nos diz Jesus.
Hoje o Evangelho o Senhor chama-nos à conversão, pede-nos que nos empenhemos na mudança... a partir simplesmente do «sinal de Jonas». A este curioso e apático profeta é dedicado inteiramente um dos mais pequenos livros do Antigo Testamento. No ponto alto dos acontecimentos ele vê mudar, arrepender-se e fazer penitência toda a cidade de Nínive, a grandiosa cidade pagã da Mesopotâmia... a partir da sua pregação seca e (de quanto o livro nos faz imaginar) pouco convencida.
Se tanto pôde obter uma semelhante pregação, porque é que não deveríamos ser também nós atingidos e transformados pela força da Palavra de Jesus, mestre divino e primeiro realizador daquilo que diz?
Muito depende de nós e do nosso coração. Diz-nos Jesus, a quem faz eco o Papa Francisco.
À luz disto, creio que possa fazer muito bem a cada um de nós aproveitar deste tempo para retomar um bom costume da nossa tradição cristã: o exame de consciência. Papa Francisco com o início da Quaresma mandou distribuir na Praça de S. Pedro um pequeno livrinho, intitulado Cuida do coração. É uma pequena recolha de textos evangélicos e de alguns “clássicos” da fé, para «nos tornarmos cristãos corajosos».
Entre bem-aventuranças e virtudes teologais, depois os dez mandamentos da Bíblia e os cinco preceitos da Igreja … eis que chega o “velho” exame de consciência. Precedido e seguido por algumas indicações sobre o Sacramento da Penitência ou Confissão.
Examinar a própria consciência não é uma operação de "narcisismo espiritual", um procedimento para auto aperfeiçoar. É um modo para verificar quanto o Evangelho de Cristo seja posto em prática na minha vida. Ver o que é que precisa de ser corrigido em mim é o primeiro passo para amar concretamente o Mestre, porque: «Quem acolhe os meus mandamentos e os observa, este é que me ama» (Jo 14,21).
Para concluir… o «sinal de Jonas», de que fala Jesus na página evangélica proposta hoje pela liturgia, não é só o "sinal da pregação". Esconde também o "sinal da Páscoa". Jonas é também aquele que esteve três dias no ventre do peixe, como Jesus entra na morte para «ressurgir ao terceiro dia» (Lc 9,22).
Ao lado do "sinal da palavra", que diz com clareza e severidade a verdade a que a nossa vida se deve conformar, Jesus oferece-nos com bondade também o "sinal da graça": só ela poderá converter-nos profundamente.
Caminhar neste tempo com audácia e alegria para uma vida cristã "mais verdadeira" é uma atitude importante para todo o discernimento vocacional. Tanto mais se a orientação da minha vida me leva para uma escolha de vida religiosa, precisamente fazendo as contas com o meu pecado e a misericórdia de Deus, não posso olhar para trás e afastar-me da fadiga de me colocar em estado de conversão... e "treinar-me" assim a «seguir Cristo com maior liberdade e imitá-lo mais de perto» (Conc. Vaticano II, Decr. Perfectae Caritatis, n. 1).
Continuemos o caminho unidos na oração. Paz bem!
Fr. Francisco
Aquele sorriso, aquela alegria... não os consigo encontrar para mim
Caros irmãos em caminho e è procura vocacional. O Senhor vos dê a paz.
Chegaram-me algumas cartas de jovens, que se interrogam sobre o sentido a dar à própria vida e sobre como dar resposta ao desejo de plenitude e de felicidade que trazem no coração. Reproduzo a seguir o mail de Marco com a minha resposta. Ao Senhor Jesus sempre o nosso louvor!
CARTA DE MARCO
Salve frei Alberto, chamo-me Marco, tenho 28 anos...
Encontrei o seu endereço correio electrónico no sítio dos frades franciscanos, onde explica como se consegue obtê-lo. Devo dizer que é a segunda vez que me vem à mente bisbilhotar sobre a vida de um frades ou sobre como é que se consegue compreender o chamamento de Deus.
Não sou uma pessoa muito próxima da igreja nem dos sacramentos, aliás, nestes anos, afastei-me muito. Ultimamente porém, também por causa da morte de um meu tio caríssimo, sacerdote e missionário, não sei o que é que me aconteceu, mas coloco-me questões sobre o Evangelho, sobre Deus, sobre o que é que leva uma pessoa a dedicar completamente a sua vida ao Senhor e ao próximo.
Vejo no vosso, vídeos de raparigas e rapazes que, freiras ou frades, são felizes, com um sorriso imenso no rosto.
Eu considero-me sortudo: tenho um trabalho, uma família, mas aquele sorriso e aquela alegria que vejo nestes rapazes, não consigo encontra-los para mim. Peço-lhe, se cortesmente pode dar-me algum conselho …
Sei que por email não é o máximo, mas teria necessidade apenas de poucas palavras para compreender. Obrigado .
Um abraço, Marco.
RESPOSTA DE FREI ALBERTO
Paz a ti irmão.
Obrigado pela confiança e por me teres escrito acerca de ti aspetos até muito pessoais, em tão poucas linhas …
Que dizer? Creio que para lá do facto que na vida se possa tornar frade ou menos, todos procuramos um sentido profundo e uma direção e uma plenitude. Esta procura é crucial e típica sobretudo na juventude, quando se deve programar e projetar o próprio futuro.
Todos desejamos a felicidade! A este respeito, queria dizer-te como primeira coisa que Jesus e o Evangelho, quando os descobrimos, são verdadeiramente o caminho que pode colorir de alegria e de sentido e de verdadeira paz todas as nossas escolhas de vida. Regressar a Jesus é portanto o primeiro passo a realizar!
A estrada da consagração religiosa ao invés, é uma das possíveis vocações para um jovem que se põe à escuta da vontade do Senhor.
Esta estrada, como qualquer outra de resto, não está, porém, isenta de sofrimentos e de tristezas e grandes provas (mesmo se nos vês todos felizes … nem sempre é assim!).
Essa estrada, de facto, vive sim de ideais grandíssimos, mas requer também muitíssimo em renúncia e no dom de si; exige portanto muito mesmo se depois sabe restituir-te muito mais: é fascinante e árdua ao mesmo tempo! Certamente, não é um caminho desperdiçado ou muito menos gasto em coisas banais e secundárias. Não é, porém, para todos: é um chamamento e um apelo especial, é um Dom gratuito que vem de fora de nós, de Deus … e leva alguém, misteriosamente, a entregar POR AMOR toda a sua vida ao Senhor e aos irmãos (como certo terá feito o teu caro tio).
Quando a acolhemos (é um convite "gentil"!) e se vive em plenitude (de facto, podemos também desperdiçá-la e diluir!), é fonte de grande alegria e bem-aventurança; uma alegria interior, íntima, tenaz, mais forte que qualquer prova … que se dilata e se transmite, que se torna um presente para tantas pessoas hoje tristes e cansadas e feridas.
Caríssimo, se percebeste em ti este pequeno e contudo suave chamamento, aquilo que posso aconselhar-te é que fales com algum bom sacerdote ou religioso para procurar compreender qualquer coisa mais …
Pode acontecer de verdade que o Senhor tenha guardado também para ti um convite particular a segui-lo de perto. É necessário porém, sempre (na presença destas vozes interiores) realizar um discernimento, verificar, interrogar-se, rezar … Não te preocupes depois, se estes pensamentos te vêm também a ti se estiveste distante da igreja e da fé: o Senhor Jesus é maior que as nossas fugas e os nossos pecados e o seu convite é absolutamente livre e misterioso para quem Ele quer e escolhe!
Se me dizes onde moras, posso tentar se perto de ti e na tua zona existe algum bom frade, a quem encaminhar-te para falares com total liberdade e serenidade…
Abençoo-te a ti e aos teus.
Encorajo-te.
Frei Alberto