V DOMINGO DE PÁSCOA – C
15 maio 2022
1ª Leitura – Act 14, 21-27: Contaram à Igreja tudo o que Deus tinha feito com eles.
Salmo: 144: Louvarei para sempre o vosso nome…
2ª Leitura – Ap 21, 1-5: Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos.
Evangelho – Jo 13, 31-33.34-35: Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros.
A PALAVRA É MEDITADA
«Dou-vos um mandamento novo, que vos ameis uns aos outros.»
Sim, mas que amor? Palavra tão abusada, palavra que ao pronunciá-la mal arde nos lábios, diziam os rabinos. Nós confundimos muitas vezes o amor com uma emoção ou uma esmola, com um gesto de solidariedade ou um momento de partilha.
Amar ultrapassa tudo isto, porque contém o arrepio emocionante da descoberta do outro, que te aparece não mais como um objeto, mas como um evento, como aquele que te dá o gosto de viver, que faz sonhar, que tem a força doce dos nascimentos, que te faz nascer, com o melhor de ti. Para amar devo olhar para uma pessoa com os olhos de Deus, quando adoto o seu olhar luminoso torno-me capaz de descobrir toda a sua beleza e grandeza e unicidade.
E daqui se desprende o fervor, maravilha, encanto de viver. Eu vou ao outro como a uma fonte, e me mata a sede. Então posso amá-lo, e no amor o outro torna-se o meu mestre, aquele que me faz caminhar por novos. Do mesmo modo também os dois esposos se devem amar como dois mestres, cada um mestre do outro, cada um posto em caminho para horizontes mais vastos.
Deixar-se habitar pelas riquezas do outro, e a vida torna-se imensamente mais feliz e livre. Do mesmo modo também o pobre que encontro ou o estrangeiro que bate à minha porta os posso olhar como se fossem os «nossos senhores» (são Vicente de Paulo), e aprender então a dar como fazia Jesus: não como um rico, mas como um pobre que recebe, como um mendigo de amor. E pensar diante do pobre: sou eu o pobre, feito rico de ti, dos teus olhos acesos, da tua história, da tua coragem. Dou-vos um mandamento novo. Não se trata de uma nova injunção, mas da regra que protege a vida humana, onde são resumidos pelo destino do mundo e o destino de cada um: «todos precisamos de muito amor para viver bem» (Maritain).
Onde está a novidade? Já no Antigo Testamento estava escrito, ama a Deus com todo o teu coração, ama o próximo como a ti mesmo. A novidade do mandamento está palavra sucessiva: Como eu vos amei a vós, assim deveis amar-vos também vós uns aos outros. Não diz quanto vos amei, impossível para nós a sua medida, mas como Jesus, com o seu estilo único, com a sua elegância gentil, com as alterações que trouxe, com a sua criatividade: fez coisas que nunca ninguém tinha feito.
Os cristãos não aqueles que amam (são muitos aqueles que o fazem em todas as latitudes) mas aqueles que amam como Jesus: se eu vos lavei os pés assim deveis fazer vós também, fazei-o a partir dos mais cansados, dos mais pequenos, dos vossos senhores...
Como Ele, que não só é amor, mas exclusivamente amor.
A PALAVRA É REZADA
Quando me tiver unido a ti
com todo o meu ser,
não sentirei mais dor ou pena;
a minha será verdadeira vida,
toda cheia de ti.
Tu ergues ao alto aquele que enches de ti;
eu não estou ainda cheio de ti,
sou um peso para mim mesmo.
Alegrias de que deveria chorar contrastam em mim
com penas de que me deveria alegrar,
e não sei de que parte esteja a vitória.
Tem piedade de mim, Senhor!
Não te escondo as minhas feridas.
Tu és o médico, eu sou o doente;
tu és misericordioso, eu infeliz.
Ámen
(In, Qumran2.net e LaChiesa.it - tradução livre de fr. José Augusto)