Encontro com a Palavra de Deus – XXIX Domingo do Tempo Comum - ANO C

XXIX DOMINGO TEMPO COMUM – ANO C

    

                           20 de Outubro de 2019

 

AS LEITURAS DO DIA 

 

Ex 17, 8-13: Quando Moisés erguia as mãos, Israel ganhava vantagem.

Salmo 120: O nosso auxílio vem do Senhor, que fez o céu e a terra.

2Tim 3, 14-4,2: O homem de Deus será bem preparado para todas as boas obras.

Evangelho Lc 18, 1-8: Deus fará justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam.

 

A PALAVRA É MEDITADA

Há dias em que a nossa vida nos corre mesmo apertada. Acontece quando nos damos conta que a realidade quotidiana não corresponde aos desejos do coração; sobretudo não corresponde àqueles desejos pelos quais apostámos a nossa existência.

Pensemos – por exemplo – na vida matrimonial, que para muitos constitui o coroar de desejos há muito cultivados: bem depressa essa vida se torna repetitiva e dada por descontada. É verdade, talvez existam momentos em que se renovam o ardor e as promessas dos inícios: e, todavia, a maior parte do tempo não escapa ao desgaste da rotina.

Precisamente diante desta perspetiva insinua-se a tentação da fuga: que não é simplesmente a vontade de mudar de vida – coisa muitas vezes impossível – mas é mais frequentemente a tendência a viver o quotidiano tendo a cabeça noutro lugar. Um pouco como acontece ao monge descrito no quarto século por Evagrio Pontico num seu tratado: o qual deveria estar na sua ela a estudar; e afinal «tem os olhos continuamente fixos nas janelas, sai para fora a observar se o sol ainda está longe da hora nona, e olha de uma parte para a outra para ver se por acaso chega algum irmão».

Em conclusão, faz de tudo menos aquilo que deveria. Assim sucede também ao juiz da parábola que lemos no Evangelho deste domingo (Lc 18,1-8): também ele fazia tudo, menos aquilo que deveria fazer. «Não temia a Deus e não respeitava ninguém», diz dele Jesus ao iniciar a narração. E de tal modo mete logo em claro a incoerência deste juiz, que por definição deveria fazer justiça – no respeito pela lei de Deus - e que afinal não cuida de ninguém. Ele – de consequência – está sempre noutro lugar com a cabeça, longe da sua missão de juiz, em fuga das suas responsabilidades quotidianas.

Diferente é a atitude da viúva que pede justiça: porque ela persevera no seu pedido, e continuamente vai importunar o juiz incumpridor. Aquela mulher talvez tivesse podido encontrar uma escapatória, por exemplo, numa recomendação qualquer ou nalgum compromisso... Ela, porém, não cede, e obstina-se, preferindo continuar a sua batalha com perseverança.

Não se trata, porém, apenas de obstinação: há qualquer coisa mais atrás do comportamento desta viúva. Por trás da sua perseverança, de facto, está a fé simples de quem conhece a justiça de Deus:  porque de verdade Deus «fará justiça prontamente». No fundo já assim tinha acreditado Moisés, quando viu do cimo do monte a batalha de Israel contra os Amalecitas (primeira leitura: Ex 17,8-13): o confronto parecia insustentável para o seu povo; e contudo, também naquele momento Moisés acreditou na promessa do Senhor, e a sua fé foi de verdade grande, ao ponto que «quando levantava as mãos Israel era o mais forte, mas quando as deixava cair era mais forte Amaleque».

Portanto é precisamente esta fé perseverante que pode dar salvação, hoje como naquele tempo. É verdade, às vezes pode acontecer que prevaleça o cansaço, e que não seja mesmo possível ter as mãos levantadas ao céu: porque a nossa vida nos parece de verdade apertada, tanto que quereríamos fugir para longe para encontrar um reparo tranquilo (cfr Sal 54,7-9). E, todavia, não deve ser este o obstáculo intransponível: também Jesus, de facto, sentiu o cansaço, mas também continuou a acreditar, apesar de tudo. Porque é a fé perseverante no Pai que salva. «Mas o Filho do homem, quando vier, encontrará esta fé sobre a terra?»

 

 

A PALAVRA É REZADA

 

Aquela viúva, certamente, foi insistente,

talvez mesmo petulante, mas fê-lo porque sabia

que mais cedo ou mais tarde seria atendida.

Certo, Jesus, o teu Pai não é um juiz desonesto

e, portanto, não deve ser convencido a escutar as nossas orações,

não lhe devemos arrancar nenhum favor

a dispensar talvez de má vontade.

Não, o Pai ama-nos e fá-lo ainda antes que nós o amemos.

Fá-lo com largueza, com ternura, não respeita medidas e confins.

E, todavia, pede a nossa fé,

a certeza que Ele intervém sempre a favor de quem o invoca.

É verdade, a oração é, no fundo, um espelho preciso da confiança

que lhe reservamos quotidianamente,

é a demonstração que nos sentimos acolhidos e atendidos,

apesar das nossas fragilidades e os nossos limites.

A oração é o respiro da nossa alma,

é a linha vermelha que nos tem constantemente

unidos a Deus e aos nossos irmãos, na escuta e na meditação,

na intercessão e na súplica, nos faz vibrar ao ritmo da sua palavra,

nos faz agir ao sopro do seu Espírito,

nos faz perceber no meio de tantos passos

os traços da tua passagem, os sinais da tua presença.

 

Ámen                               

 

(In Qumran, e La Chiesa: tradução livre de fr. José Augusto)

 


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