XXV DOMINGO TEMPO COMUM – ANO B
23 de Setembro de 2018
AS LEITURAS DO DIA
Sab 2, 12.12-17: Condenemo-lo à morte infame.
Salmo 53: O Senhor sustenta a minha vida.
Tg 3,16-4,3: O fruto da justiça semeia-se na paz.
Evangelho Mc 9, 30-37: Quem quiser ser o primeiro será o servo de todos.
A PALAVRA É MEDITADA
O texto de Marcos 9,30-37 é um anúncio da Paixão e depois um ensinamento aos discípulos. Jesus revela aos discípulos o seu destino, mas os discípulos não compreendem. Jesus insiste convidando-os a percorrer também eles o seu mesmo caminho. Pré-anúncio da Cruz e ensinamento sobre o comportamento dos discípulos constituem portanto um único discurso que poderíamos intitular: a Cruz de Jesus e as suas consequências para o discípulo.
Tornar-se servo e acolher os pequenos em seu nome – os dois comportamentos que Jesus sugere à sua comunidade – são dois modos concretos, dois exemplos de imitação do Senhor Crucificado. «Se alguém quiser ser o primeiro, considere-se o último de todos e faça-se servo de todos»: eis uma das frases evangélicas que não cessam de nos surpreender: claras, incisivas e duras.
Desde quando o Filho de Deus entrou na nossa história e percorreu o caminho da Cruz, todos os critérios da prioridade ficaram revirados: a dignidade de uma pessoa não está no lugar que ocupa, no trabalho que realiza, nas coisas que possui, no sucesso que obtém: a grandeza mede-se unicamente pelo espirito de serviço. Para o cristão fica certo que o modelo de toda a forma de serviço é sempre e só Jesus Cristo.
Depois do serviço – e como exemplo de serviço – o acolhimento: Marcos utiliza o verbo «acolher» em diversas ocasiões e com diversas tonalidades, todas porém, de certo modo convergentes: existe o acolhimento (ou a recusa) do missionário (6,11), existe o acolhimento da Palavra (4,20), existe o acolhimento do Reino (10,15), existe o acolhimento dos pequenos. Acolher significa escutar, tornar-se disponível, hospedar: sobretudo requer a capacidade de se deixar «incomodar» (nos próprios hábitos e nos próprios esquemas) pela Palavra, ou pelo missionário, ou pelo pequeno que se acolhe, e a capacidade de se pôr ao seu serviço. O acolhimento é, obviamente, geral, para com todos: se não fosse assim, estaríamos em contradição com quanto Jesus nos disse sobre o serviço («servo de todos»). Todavia aqui fala-se das «crianças», que no Evangelho – como se sabe – são o símbolo dos desprezados, daqueles que não contam e que ninguém acolhe. A preferência é por eles. Jesus procurou-os, teve tempo para eles, palavras e amor: nunca considerou ter alguma coisa mais importante, ou urgente, a fazer. É o acolhimento dos «pequenos» a confirmação da autenticidade do nosso serviço e da nossa hospitalidade.
A PALAVRA É REZADA
Senhor,
abre-nos os olhos,
para que saibamos reconhecer-te
e contemplar-te na Igreja,
entre a humanidade de todos os tempos e de todos os lugares.
Educa-nos para o desejo do bem,
para uma vontade que se compromete por aquilo que vale,
para a realização de uma vida plena.
Tu estás no meio de nós
como aquele que salva, cura, abre,
ultrapassa as nossas portas fechadas
e entra a abrir mentes e corações.
Concede-nos que também nós saibamos acolher
quem tem o coração fechado
e tem dificuldade em compreender,
quem tem dificuldade em amar,
quem tem dificuldade em acreditar.
Faz que sob o teu exemplo
e da tua doce Mãe,
saibamos oferecer conforto, serviço,
perdão, compreensão e alegria
a quem está ao nosso lado.
Ámen.
(In Qumran, e La Chiesa: tradução livre de fr. José Augusto)