Encontro com a Palavra de Deus – SOLENIDADE DE PENTECOSTES – ANO B

SOLENIDADE DE PENTECOSTES – ANO B

    

20 de Maio de 2018

 

AS LEITURAS DO DIA

Act 2, 1-11: Todos ficaram cheios do Espírito Santo.

Salmo 103: Mandai senhor o vosso Espirito, e renovai a terra.

1Cor 12, 3-7.12-13: O Espirito santo é a alma da Igreja.

Evangelho Jo 20, 19-23: Recebei o Espirito Santo.

 

A PALAVRA É MEDITADA

Origens da festa

No povo de Israel a festa era inicialmente denominada “festa da ceifa” e “festa dos primeiros frutos”; celebrava-se no 50° dia depois da Páscoa hebraica e marcava o início da ceifa do trigo; nos textos bíblicos é sempre apresentada como uma alegre festa agrícola.

É chamada também “festa das Semanas”, por causa da sua ocorrência de sete semanas depois da Páscoa; em grego ‘Pentecostes’ significa 50º dia. O termo Pentecostes, referindo-se à “festa das Semanas”, é citado em Tobias 2,1 e 2 Macabeus, 12, 31-32.

Portanto a finalidade primitiva desta festa, era o agradecimento a Deus pelos frutos da terra, a que se juntou mais tarde, a lembrança do maior dom feito por Deus ao povo hebreu, isso é, a promulgação da Lei de Moisés no Monte Sinai.
Segundo o ritual hebraico, a festa comportava a peregrinação de todos os homens a Jerusalém, a abstenção total de qualquer trabalho, uma reunião sagrada e sacrifícios particulares; e era uma das três festas de peregrinação (Páscoa, Cabanas, Pentecostes), que todos os judeus devotos eram convidados a celebrar em Jerusalém.

A descida do Espirito Santo

O episódio da descida do Espirito Santo é narrado nos Actos dos Apóstolos, capitulo. 2; os apóstolos juntamente com Maria, a Mãe de Jesus, estavam reunidos em Jerusalém, no Cenáculo, provavelmente na casa da viúva Maria, mãe do jovem Marcos, o futuro evangelista, onde depois passaram a reunir-se habitualmente quando estavam na cidade; e como era tradição, tinham chegado a Jerusalém os judeus em grande número, para festejar o Pentecostes com a peregrinação, tal como era previsto.

“Quando chegou o dia de Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar. Veio subitamente, vindo do céu um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes línguas de fogo, que se iam dividindo e poisou uma sobre cada um deles; e eles ficaram cheios do Espirito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espirito lhes concedia que se exprimissem. Encontravam-se em Jerusalém judeus piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruido, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: ‘não são todos galileus os que estão a falar? Então como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua?…”

A passagem dos Atos dos Apóstolos, escritos pelo evangelista Lucas em grego cuidado, continua com a primeira pregação do apóstolo Pedro, que juntamente com Paulo, narrado nos capítulos sucessivos, abrem o cristianismo ao horizonte universal, sublinhando a unidade e a catolicidade da fé cristã, dom do Espirito Santo.

O Espirito Santo

É o nome da terceira pessoa da SS. Trindade, princípio de santificação dos fiéis, de unificação da igreja, de inspiração nos autores da Sagrada Escritura. É aquele que assiste o magistério da Igreja e todos os fiéis no conhecimento da verdade (é chamado também ‘Paráclito’, isto é, ‘Consolador’).

O Antigo Testamento, não contém uma verdadeira e própria indicação sobre o Espirito Santo como pessoa divina. O “espírito de Deus”, aparece como força divina que produz a vida natural cósmica, os dons proféticos e os outros carismas, a capacidade moral de obedecer aos mandamentos.

No Novo Testamento, o Espirito aparece por vezes ainda como força impessoal carismática. Juntamente porém, acontece a revelação da ‘personalidade’ e da ‘divindade do Espirito Santo, especialmente no Evangelho de São João, onde Jesus aforma que pede ao Pai para que mande o Paráclito, que permanece sempre com os seus discípulos e os ensine na verdade (Jo. 14-16) e em São Paulo, onde a doutrina do Espirito Santo está unida com a da divina redenção.
O magistério da Igreja ensina que a terceira Pessoa procede da primeira e da segunda, como de um só princípio e como eles recíproco amor; que o Espirito Santo é enviado pelo caminho da ‘missão’ no mundo, e que esse ‘inabita’ na alma de quem possui a Graça santificante.

Concedido a todos os batizados (1 Coríntios, 12, 13), o Espirito funda a igual unidade de todos os crentes. Mas ao mesmo tempo, enquanto confere carismas e ministérios diversos, o único Espirito, constrói a Igreja com o contributo de uma multiplicidade de dons.

O ensinamento tradicional, seguindo um texto de Isaías, (11, 1 ss) enumera sete dons particulares, sabedoria, intelecto, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Esses são dados inicialmente com a graça do Batismo e confirmados pelo Sacramento do Crisma.

Simbologia

O Espirito Santo, rarissimamente foi representado sob forma humana; enquanto na Anunciação e no Batismo de Jesus é sob a forma de pomba, e na Transfiguração é como uma nuvem luminosa.

Mas no Novo Testamento, o Espírito divino é explicitamente indicado, como línguas de fogo no Pentecostes e como sopro no Evangelho de João (20, 22); “Jesus disse-lhes de novo: A Paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. Depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espirito Santo; a quem perdoardes os pecados, serão perdoados e a quem não os perdoardes não serão perdoados”.

O Espirito Santo, várias vezes preanunciado nos Evangelhos por Jesus, foi sobretudo comparado ao fogo que como a água é símbolo paradoxal de vida e de morte.

Em todas as religiosidades, o fogo tem um lugar fundamental no culto e é muitas vezes símbolo da divindade e como tal adorado. O deus sumério do fogo, Gibil, era considerado portador de luz e de purificação; em Roma havia uma chama sempre acesa guardada pelos Vestal, símbolo de vida e de força.

No Antigo Testamento, Deus revela-se a Moisés sob a forma de fogo na sarça-ardente que nãos e consome; na coluna de fogo Deus ilumina e guia o povo hebraico nas noites do Êxodo; durante a entrega das Tábuas da lei a Moisés, pela presença de Deus o Monte Sinai estava todo envolvido de fogo.

Nas visões proféticas do Antigo Testamento, o fogo está sempre presente e Deus aparecerá no fim dos tempos com o fogo e fará justiça sobre toda a terra; também no Novo Testamento, João Baptista anuncia Jesus como aquele que batiza em Espirito Santo e fogo (Mateus, 3, 11).


O Pentecostes no cristianismo

Os cristãos chamaram Pentecostes, ao período de 50 dias depois da Páscoa. A quanto parece, foi Tertuliano, apologista cristão (155-220), o primeiro a falar disto como de uma festa particular em honra do Espirito Santo. No final do século IV, o Pentecostes era uma festa solene, durante a qual era conferido o Batismo a quem não o tinha podido receber durante a Vigília Pascal.

As constituições apostólicas testemunham a Oitava de Pentecostes para o Oriente, enquanto no Ocidente aparece na idade carolíngia. A Oitava litúrgica conservou-se até 1969; enquanto os dias festivos de Pentecostes foram reduzidos em 1094, aos primeiros três dias da semana; reduzidos a duas das reformas do século XVIII.

No início do XX século, foi eliminado também a segunda-feira de Pentecostes, que no entanto é conservada como festa em França e nos Países protestantes. A Igreja, na festa de Pentecostes, vê o seu verdadeiro ato de nascimento de início missionário, considerando-a juntamente com a Páscoa, a festa mais solene de todo o calendário cristão.


O Pentecostes na arte

O tema do Pentecostes, tem uma vasta iconografia, particularmente na arte medieval, que fixou o uso de representar o Espirito Santo que desce sobre a Virgem e sobre os apóstolos no Cenáculo, sob a forma simbólica de línguas de fogo e não de pomba.

O esquema compositivo lembra muitas vezes o da Última ceia, encontrando-se no mesmo lugar, isto é, o Cenáculo, e o mesmo grupo de pessoas: Jesus é substituído por Maria e o lugar deixado vazio por Judas é ocupado por Matias. Vem assim a comunicar-se o valor da unidade da agregação e sucessão apostólica, além da sua disposição a alcançar os confins do mundo.

Na Liturgia

O Espirito Santo é invocado na administração dos Sacramentos e como verdadeiro protagonista no Batismo e no Crisma e com a liturgia solene na Ordem Sacra; e em cada cerimónia litúrgica, onde se implora a ajuda divina, com o magnífico e sugestivo hino do “Veni Creator”, cujo texto em latim é incomparável.

 

A PALAVRA É REZADA

Vem, Espirito Santo,

ilumina o nosso caminho.

Não permitas que fiquemos desorientados

pelo brilho de promessas mirabolantes,

nem enfeitiçados por caminhos fáceis

que não conduzem à felicidade

e nos abandonam à nossa fraqueza.

Vem, Espirito Santo, recorda-nos as palavras de Jesus

e dá-nos a força de seguir os seus passos.

Levanta-nos quando caímos

por causa da nossa fragilidade e do nosso orgulho

e cura-nos as feridas que trazemos dentro.

Vem, Espirito Santo, revela-nos o verdadeiro rosto do Senhor Jesus

para que a nossa relação com Ele seja sólida e rica de frutos.

Arranca-nos à tentação de nos construirmos um Deus à nossa imagem

e acende em nó o desejo do Deus vivo e verdadeiro.

Vem, Espirito Santo, queima tudo o que dentro de nós

nos impede de ser límpidos e generosos,

misericordiosos e benévolo e torna-nos sábios e fortes

para que possamos ser testemunhas credíveis

e dar a todos razão da esperança deposta em nós.

Ámen.

 

 

(In Qumran, e La Chiesa: tradução livre de fr. José Augusto)

 


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