XXV DOMINGO TEMPO COMUM – ANO C
22 de Setembro de 2019
AS LEITURAS DO DIA
Am 8, 4-7: Contra aqueles que possuem dinheiro alheio.
Salmo 112: Louvai o Senhor, que levanta os fracos.
1Tim 2, 1-8: Façam-se preces por todos os homens de Deus.
Evangelho Lc 16, 1-13: Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
A PALAVRA É MEDITADA
Às vezes pensa-se que ser cristãos signifique também ser ingénuos. O cristãos – diz-se – deve recusar a esperteza do mundo, deve opor-se aos compromissos e às astúcias da sociedade, deve evitar as ambiguidades e a vida dupla dos prepotentes: numa palavra deve ser simples, como as crianças. «Se não vos tornardes como crianças não entrareis no Reino dos céus», tinha avisado Jesus (Mt 18,3).
Ser simples porém não significa de facto ser ingénuos: e são precisamente as crianças a ensiná-lo. As crianças são espertas, mais de quanto possamos imaginar. A sua simplicidade não deve ser posta em discussão: a criança tem a capacidade crítica que encontramos nos adultos; portanto é certamente mais espontânea e imediata. E todavia a criança é muito esperta, ao ponto que sabe bem como manipular os pais para obter aquilo que deseja.
Precisamente uma semelhante esperteza é louvada por Jesus com a parábola do administrador desonesto que a liturgia nos propõe neste domingo (Lc 16,1-13). temos a prova sobretudo na sentença que conclui a parábola: «o patrão elogiou aquele administrador desonesto, porque tinha agido com esperteza». Evidentemente, o elogio do patrão não diz respeito à acção desonesta do servo: seria difícil imaginar um patrão que elogia quem o enganou. O elogio do patrão, diz respeito precisamente à esperteza daquele servo sem preconceitos.
Precisamente esta esperteza é o que parece faltar aos filhos da luz: os quais com certeza têm na mão um tesouro bem mais preciosos que o dinheiro, masnão são capazes de o fazer render plenamente. As promessas do Evangelho de Deus, de facto, aparecem certamente mais confiáveis que as promessas do dinheiro: e contudo têm um perspetiva mais ampla, que transcende o próprio horizonte temporal. Porque não então utilizar com maior esperteza as promessas do Evangelho? Porque não utilizar com elas a mesma esperteza que usamos nas coisas humanas?
Certamente é mais fácil condenar a esperteza que é usada de modo desonesto: por exemplo, é mais fácil lançar invetivas contra os ricos que são sempre mais ricos, ou então denunciar os abusos e as asneiras dos poderosos que oprimem os pobres. E todavia não basta levantar a voz contra as injustiças, quem sabe, exibindo simples slogans. A realidade é muito mais complexa, e o crente não pode ser ingénuo: o seu testemunho a favor das promessas evangélicas deve ser perspicaz, incisivo, concreto... Precisamente como foi o testemunho de Jesus, que jogou a sua vida com esperteza ao ponto de deixar um sinal, e não apenas belas palavras.
A PALAVRA É REZADA
Para ti, Jesus, metê-los juntos é decididamente impossível:
não posso servir a Deus e ao dinheiro.
Porque o dinheiro acaba por comer o meu tempo,
por determinar escolhas, relações, comportamentos,
para influenciar decisões, para mudar o meu coração
ao ponto de o tornar insensível
àquilo que não é ganho, riqueza, possibilidade de acumular.
Porque o dinheiro se torna um ídolo que toma o lugar de Deus,
um ídolo que devora as minhas energias, os meus recursos,
um ídolo que me obriga a viver e a trabalhar para ele.
Porque o dinheiro consegue submeter a si os meus desejos e os meus sonhos.
Compreendo, portanto, porque é que hoje tu me prevines
da tentação do dinheiro, da sedução da riqueza,
da escravidão à lógica do lucro, do acumular.
Senhor Jesus, liberta a minha existência
da avareza, do egoísmo,
para que se possa abrir totalmente
ao amor do teu Pai.
Ámen
(In Qumran, e La Chiesa: tradução livre de fr. José Augusto)