IV DOMINGO DA QUARESMA – ANO A
22 de Março 2020
AS LEITURAS DO DIA
1Sam 16, 1.6-7.10-13: David é ungido rei de Israel.
Salmo 22: O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
Ef 5, 8-14: Desperta e levanta-te do meio dos mortos, e Cristo brilhará sobre ti.
Evangelho Jo 9, 1-49: Eu fui, lavei-me e comecei a ver.
A PALAVRA É MEDITADA
Encaminhamo-nos lentamente para a Páscoa, concentrando o nosso itinerário quaresmal sobre a oração, sobre a penitencia, sobre a escuta da Palavra de Deus que é alimento para a nossa vida espiritual e moral. O texto do evangelho de hoje que nos apresenta a narração da cura do cego de nascença, a fazer-nos refletir sobre o tema d aluz, que é um dos símbolos e sinais mais particulares da Páscoa, na medida em que na luz é indicada fé, aquele bem inestimável e essencial para preparar um discurso religioso e cristão.
Aqui é apresentado Cristo que cura sobretudo das trevas do pecado, do escuro mais profundo em que pode cair uma alma e uma pessoa humana, e do qual é necessário sair com a graça santificante que vem de Cristo Redentor. É interessante notar no texto do Evangelho a estreita relação que existe entre a doença física e a espiritual. A cegueira física está ligada ao pecado. E os discípulos de Jesus procuram compreender e fazer-se explicar do Senhor de quem é a culpa se aquele homem não vê e é cego.
Jesus responde com uma aprofundada catequese sobre a sua missão. Não atribui nenhuma culpa e responsabilidade por uma falta de ordem natural ao ser humano, mas faz desta fraqueza uma outra oportunidade para transmitir aos apóstolos a sua mensagem de salvação. Aquela mensagem que Jesus tem a sublinhar no facto que Ele é a luz que irradia nas profundas trevas do mundo que é o pecado. A adesão a Cristo, o readquirir a viste e o ver não é mais, no texto do evangelho, que o alcance daquela condição de graça que é saúde espiritual, é a fé em Cristo, único salvador do homem. Sobre o tema da luz é estruturada também a segunda leitura, tirada da carta de S. Paulo aos Efésios, na qual o Apostolo foca a reflexão precisamente sobre o facto que os cristãos vindos à fé, abandonaram a situação de trevas em que estavam, pela falta de Deus na sua vida, e se colocaram num percurso de luz, tanto que a sua vida é um caminho de luz e gloria não obstante tenha de atravessar os muitos vales de lágrimas da experiência humana e terrena. Quem é tocado e apanhado por esta luz fulgurante que é Cristo não pode permanecer como antes, mas é necessitado a mudar de vida e dar força moral às suas acções. Acções que se traduzem em bondade, justiça e verdade.
No contexto da Palavra de Deus deste domingo tem uma sua precisa valência também a primeira leitura, tirada do livro de Samuel, na qual é descrita a consagração de David como rei do povo eleito. O Rei David representa a figura de Cristo Rei e antecipa a sua missão e a função no meio do Povo de Israel. Jesus Cristo, pela via genealógica da casa de José, o esposo de Maria, pode encontrar na história do povo hebraico, como descendência de David. Eis porque historicamente se pode atribuir a Ele o título de Rei. O mesmo título que Jesus reivindica durante o processo que o levará à condenação á morte por obra de Pilatos. E foi o próprio Pilatos que fixou na inscrição sobre a cabeça do Crucificado o motivo da condenação: "Jesus Nazareno, Rei dos Judeus".
A realeza de Cristo foi e continua a ser de outra natureza em relação à exercida por David. Ele é Rei da paz, da misericórdia e da bondade. A este singular Rei queremos dirigir-nos também hoje para lhe pedir tudo aquilo que é necessário para a nossa pessoal santificação a partir daquela fé, muitas vezes incerta, posta em crise e não cuidada para ir à procura de outras presumíveis certezas que não são Cristo, nas verdades por Ele proclamadas e entregues à Igreja para que delas fizesse objecto de compromisso existencial em vista da eternidade.
A PALAVRA É REZADA
O teu esplendor, Senhor, é como a luz
tanto que és a luz que resplandece nas trevas
e tu sabes quanto agrada aos nossos olhos a luz da manhã.
Tu queres que faça brilhar em mim a luz do teu Espírito.
Para responder a este compromisso
devo estar perfumado de bondade
em cada gesto e em cada palavra,
ao ponto de ser homem justo
que é sempre como a luz da manhã.
Poderei sê-lo, Senhor, se em mim dou espaço à tua Palavra
que é verdade saída do teu coração
e luz para o meu caminho.
Puseste-me no meio dos outros
como luz que brilha na escuridão do mundo,
vencendo as obras do maligno.
Dá-me, Senhor, energia suficiente
de modo que a minha lâmpada não se apague.
Ámen
(In Qumran, e La Chiesa: tradução livre de fr. José Augusto)