XI DOMINGO TEMPO COMUM – ANO B
17 de Junho de 2018
AS LEITURAS DO DIA
Ez 17, 22-24: Elevo a árvore modesta.
Salmo 91: É bom louvar-vos, Senhor.
2Cor 5, 6-10: Empenhamo-nos em agradar ao Senhor.
Evangelho Mc 4, 26-34: A que havemos de comparar o Reino de Deus?
A PALAVRA É MEDITADA
Retomamos o Tempo Comum, depois do longo parêntesis que desde a Quaresma nos levou, no Senhor Ressuscitado, graças ao Espirito, e meditar sobre o dom da eucaristia.
E fazemo-lo na companhia de João Marcos, o primeiro evangelista, discípulo de Pedro. É ele, hoje, a dar-nos uma lufada de esperança, de confiança, nestes tempos escuro que nos assustam.
O reino de Deus é assim: como um homem que lança a semente à terra. O infinito de Deus narrado por uma semente minúscula, o fruto na frescura de um rebento de mostarda.
Acontece no Reino de Deus como quando um homem semeia. O Reino acontece porque Deus é o incansável semeador, que não está cansado de nós, que todos os dias sai a lançar no universo as suas energias em formas seminais, germinais, como um novo jardim do Éden que nós devemos conservar e cultivar. E nenhum homem ou mulher que estejam privados dos seus gérmenes de vida, nenhum demasiado distante da sua mão.
Quer durma ou vigie, de noite ou de dia, a semente germina e cresce. Jesus sublinha um milagre infinito de que não nos admiramos mais: à noite vês um broto, no dia seguinte abriu-se uma flor. Sem nenhuma intervenção externa. Aqui ganha raiz a grande confiança de quem acredita: as coisas de Deus, toda a criação, o bem crescem e florescem por uma misteriosa força interna, que é de Deus. Não obstante as nossas resistências e distrações, no mundo e no coração a semente de Deus germina e agarra-se em direção á luz.
A segunda parábola mostra a desproporção entre o grão de mostarda, a mais pequena semente, e a grande árvore que daí nascerá. Sem voos retóricos: o grão não salvará o mundo. Nós não salvaremos o mundo. Mas diz Jesus, os pássaros virão e aí farão o ninho. À sombra d atua árvore grande acorrerão muitos, à sombra da tua vida virão para retomar folego, encontrar descanso, fazer o ninho: imagem da vida que reparte e vence. «Se tu ajudaste nem que tenha sido um só a estar um pouco melhor, a tua vida realizou-se» (Papa Francisco).
A parábola do grão de mostarda narra a preferência de Deus pelos meios pobres; diz que o seu Reino cresce pela misteriosa força secreta das coisas boas, pela energia própria da beleza, da ternura, da verdade, da bondade.
Enquanto o inimigo semeia morte, nós como agricultores pacientes e inteligentes semeamos o bom grão; nós como campo de Deus continuamos a acolher e conservar as sementes do Espirito, não obstante o furor de todo o correr que acontece dentro e fora de nós.
Uma semente colocada ao vento nas fendas de uma muralha é capaz de viver; é capaz, com a ponta fragilíssima do seu rebento, de se abrir uma estrada no duro asfalto. Jesus sabe que lançou no mundo um gérmen de bondade divina que, com o seu rodeio doce e implacável, partirá a crosta de todas as épocas, para aí colocar de novo aromas de Primavera, de vida florida, de ceifa.
Toda a nossa confiança está nisto: Deus está com as mãos na massa no meio da história e em mim, em alto silêncio e com pequenas coisas.
A PALAVRA É REZADA
Através d atua palavra, Jesus, através das tuas acções
Deus actua no coração da história.
O plano de salvação que tu nos revelaste é verdadeiramente portentoso:
arrancar a humanidade ao mal e ao pecado
e oferecer a possibilidade de uma existência nova,
uma vida boa e bela, inspirada pelo Evangelho, fortalecida pelo Espirito.
Sim, é um projecto maravilhoso e precisamente por isso
nós esperaríamos um enorme gasto de forças,
meios em grande quantidade, a exibição impressionante
da força que vem de Deus e à qual ninguém pode resistir.
E ao invés... ao invés, a estrada que tu escolheste
é de todo modesta, quase banal.
É uma historia semelhante à da semente confiada à terra,
Que desaparece dentro dela antes de fazer germinar um fruto abundante.
É a historia do grão de mostarda, o mais pequeno de todos,
um pontinho negro quase invisível, que faz nascer a planta maior,
um refúgio para os pássaros do céu.
Senhor Jesus, liberta-me da necessidade
de meios vistosos e desperta a minha confiança
na bondade da semente que plantaste.
Ámen.
(In Qumran, e La Chiesa: tradução livre de fr. José Augusto)