Como cristão, por vezes, sinto-me um “extraterrestre”!
Estava eu, no início da assembleia sinodal, e alguém (uma querida animadora da nossa paróquia) me envia algumas informações, acrescentando no fim: «Bom Natal!». Era o dia 1 de Dezembro!
Acabava de chegar a casa depois do Sínodo e, na tarde daquele dia, 4 de Dezembro, encontrei um paroquiano que, depois de ter trocado algumas palavras comigo, se despediu, dizendo: «Boas festas, frei!».
«O Advento não existe!» - pensei.
Não estou a implicar com a boa educação e simpatia dos paroquianos, mas o meu pensamento foi este: «Também, para nós cristãos, o Advento parece estar relegado ao recinto fechado da igreja; fora do espaço sagrado, fala-se outra linguagem!».
Da boca dos leigos, presentes na Assembleia Sinodal da nossa Igreja de Lisboa, surgiu esta constatação: «Nós católicos, muitas vezes, chegamos tarde no anúncio. A comunicação social, as redes sociais, já falaram tudo e nós intervimos apenas para "reagir", para contrariar, para rectificar... É preciso anunciar fora de casa e com linguagens novas uma notícia boa, bela e única!».
Neste tempo de «caminho» para o Natal, a notícia, a saudação, a alegria que um cristão comunica, é que «Deus vem» e por isso «esperamos»! Por esta razão «preparamos um caminho», estamos em advento, cantando com Maria «maravilhas Ele fez por mim». Caminhamos para o Natal com um olhar “outro”, que brilha de uma luz que vem de dentro, a mesma luz que irradiava no coração dos profetas. Uma luz que é preciso acender nestes dias de caminho para Belém, a luz da oração silenciosa, a luz da misericórdia e da ternura no sacramento da reconciliação, a luz da Eucaristia dominical, a luz dos gestos de acolhimento e de encontro com os mais pobres...
À próxima pessoa que me disser «Bom Natal», um mês antes, responderei com a mesma hilaridade de um meu confrade: «Boa Páscoa!».
Frei Fabrizio
In Conchas, 11 de Dezembro de 2016